sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Festival do Norte Alentejano






Para encerrar o verão aí está mais uma feira de artesanato e gastronomia na nossa região, neste caso a do Crato, que já vai com a sua 25ª edição.
este evento que se realiza no fim do Verão é o maior a nível do Alto Alentejo daí se chamar o Festival do Norte Alentejano.
de 25 a 29 de Agosto milhares de pessoas afluem ao Crato para ver o artesanato da nossa região, saborear a nossa gastronomia e assistir a grandes concertos musicais de grandes nomes da música.
Como já disse em anteriores posts estas feiras de artesanato, como a do Gavião,de Nisa e do Crato, que são as mais perto da nossa terra, e que já se realizam á uma serie de anos já são uma marca deste Alentejo Profundo, onde as dificuldades são imensas e por isso se vai dando a conhecer a milhares de visitantes o que de bom se faz por estas paragens, para o ano haverá mais.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

DIVAGANDO SOBRE AS CEGONHAS, AVES EMBLEMÁTICAS DA NOSSA REGIÃO




Todos os estados da União norte-americana (que são 50) escolheram, há já várias décadas, o pássaro que os simboliza. A escolha recai, geralmente, numa ave que, por ser tão abundante, merece, naturalmente, a atenção das autoridades regionais; ou que, ao contrário, por ser uma espécie tão rara, acaba por receber -por parte do estado que a escolheu por emblema- uma protecção oficial, que a preserva da extinção. Refira-se, a título de exemplo, que o estado do Alasca escolheu a carriça; que o Maryland optou pelo chamado verdelhão de Baltimore; e que o Novo México preferiu o papa-léguas, um curioso pássaro corredor da fauna local (Geococcyx californianus, de seu nome científico), que toda a gente conhece graças a um famoso desenho animado.

Às vezes ponho-me a matutar que, se as nossas antigas províncias seguissem esse exemplo, também seria fácil escolher uma ave-tótem, um pássaro emblemático para cada uma delas. À Estremadura seria atribuída a gaivota, por ser uma espécie característica dos portos de Lisboa e de Setúbal, das furnas de Cascais e abundante nas Berlengas, onde há uma colónia vastíssima dessas aves marinhas. Ao Minho não se negaria o galo, associado, como se sabe, a uma antiga lenda de Barcelos. Ao Baixo Alentejo caberia a abetarda, o pássaro de maior porte do nosso continente, que tem uma das suas colónias mais significativas nos campos situados entre Beja e Castro Verde. O arquipélago da Madeira ficaria com a cagarra, a maior ave marinha que por lá nidifica . A Beira Baixa escolheria o grifo, uma ave de rapina que passeia a sua imponência por cima das Portas do Ródão. Para Trás-os- Montes ficaria a colorida e arisca perdiz. Os Açores não necessitam que lhes escolhemos um símbolo alado, porque a ave que simboliza as nove ilhas já figura no seu nome e na bandeira da região autónoma. O Ribatejo talvez quisesse ter por emblema a elegante garça boieira, uma espécie que se vê, com frequência, na companhia do gado bravo criado nas suas lezírias. Quanto à região onde vivemos, o Alto Alentejo, penso que a escolha que se impõe também é natural : a cegonha branca seria o nosso estandarte, pelo facto de aqui existir aos milhares e nidificar por todo o lado, inclusivamente nos limites da nossa freguesia.

Lembro-me de ter assistido (há já uns bons anos, em França) a uma campanha turística a favor da Alsácia, que utilizava a cegonha como cartaz para atrair os visitantes. Isto numa época em que -naquela região fronteiriça- apenas nidificavam uma dúzia de casais dessa ave pernalta, que nós tão bem conhecemos. E pasmo com o facto de nós negligenciarmos esse trunfo, que poderia trazer à nossa região imensas pessoas interessadas pelo turismo dito ecológico. Reparem (na época própria) no belíssimo espectáculo proporcionado pelas muitas dezenas de ninhos (habitados) que se alinham com a estrada nacional que nos conduz a Ponte de Sôr. E meditem no proveito que se poderia tirar dessa maravilha.

Refira-se, enfim, que a cegonha branca até já é para nós, e em certa medida, esse emblema de que falámos, pois tem honras no cancioneiro transtagano, que lhe dedicou a letra de várias cantigas, sendo a mais formosa e divulgada, a melodia de autor anónimo que aqui vamos deixar. Para puro gozo dos nossos leitores, que, porventura, até já a terão cantado...

«Senhora Cegonha»

Senhora cegonha,
Como tem passado ?
Não há quem a veja,
Não vai à igreja
Pousar no telhado.

Senhora cegonha,
No bico um raminho,
Anuncia a hora
De se ir embora
Do seu belo ninho.

No seu belo ninho
Ponha ovos, ponha,
Que seja bem-vinda,
Branquinha tão linda,
Lá vem a cegonha.

Quando chega Agosto,
Um bando levanta,
Anuncia a hora
De se ir embora,
Leva a meia branca.


Manuel Monteiro Silva

terça-feira, 18 de agosto de 2009

SARAPATEL – IGUARIA TÍPICA DO NORTE ALENTEJANO




Parece não haver dúvidas quanto às origens deste delicioso prato da gastronomia alentejana. O sarapatel (ou sopas de sarapatel, como também lhe chamam na nossa aldeia) nasceu aqui no distrito de Portalegre, região onde a sua preparação é, por via disso, a mais apurada e o resultado final o mais apetitoso.

Há, no entanto, pratos similares noutras regiões do nosso país e até versões exóticas respondendo pelo mesmo nome : no Brasil, em Goa e em Malaca, por exemplo. Facto que, longe de nos preocupar ou de nos indignar, muito nos honra. Por sabermos que, geralmente, só se copia o melhor.

Mas falemos do nosso sarapatel, do genuino prato da nossa região, feito (no essencial) com o nosso inegualável pão caseiro, com a carne, as vísceras e o sangue de borregos criados nos nossos campos. E divulguemos a receita que, por muito tempo, prevaleceu na freguesia da Comenda, zona do Alentejo setentrional onde o sarapatel foi, outrora, o rei incontestado dos banquetes de casamento e das festas pascais. Mais uma nota : não confundir (como o faz, hoje, muito boa gente) o sarapatel com a sopa de cachola. Porque não é exactamente a mesma coisa.

Eis, agora, a receita do sarapatel, tal qual nos foi comunicada por uma nossa conterrânea. Haverá ligeiras variantes mesmo na nossa própria terra. Mas a culinária foi, é, e sempre será assim : cada executante junta sempre aos seus cozinhados algo de pessoal, um toque particular que terá muito a ver com o seu próprio gosto, com a sua própria sensibilidade.

O primeiro cuidado a ter na pré-preparação do sarapatel tem a ver, obviamente, com a escolha do borreguinho (refira-se que há quem o prepare, sem desvantagem, com cabrito), ao qual vamos extrair os elementos cárnicos adequados à execução do pitéu; que, regra geral, se cozinha para largo número de comensais, já que o sarapatel é um prato convivial, um prato de festa. Dizíamos, pois, que o anho (ou o cabrito) tem de ser um animal saudável e bem nutrido. Depois da matança, esquarteja-se o bicho, separando os nacos nobres (que se utilizarão noutros pratos) daqueles que vamos utilizar no sarapatel : as partes mais gordas da barriga, as costelas, a fressura, o fígado, o coração, além, naturalmente, do sangue.

O sangue é cozido à parte (com um pouco de sal) e reserva-se. Depois (ou ao mesmo tempo) faz-se, num tacho grande, um refogado tradicional com azeite, sal, cebola, alho, louro, colorau, salsa, picante e um copinho de vinho branco. Os ingredientes aqui mencionados entram no preparado em proporções que até a mais inábil cozinheira conhece. Quando tudo isto começa a aloirar, adiciona-se a carne, mais as vísceras seleccionadas, além do sangue cozido esfarelafo. Rectifica-se de sal. Deixa-se cozer –em lume brando- o tempo necessário, juntando água (tépida, de preferência) em quantidade razoável e prova-se; até que, finalmente, o cheiro e sabor nos indique que o divinal caldo (mais a carne que lhe dá consistência) está pronto para regar as fatias de pão que, entretanto, havíamos cortado e colocado numa travessa de tamanho adequado. Enfeita-se com raminhos de hortelã. O sarapatel deverá ser acompanhado, preferencialmente, com vinho tinto da nossa região, que, como todos sabem, é bem bom.

Agora que já dispõe da receita do sarapatel, ponha mãos à obra e execute este prato de aroma e gosto inconfundíveis, que foi, em tempos não muito distantes, uma das coroas de glória da gastronomia do norte alentejano. Da gastronomia desta úbera e generosa terra de além Tejo que nos viu nascer e da qual nós somos, simultaneamente, pertença e herdeiros. Com inequívoca e inexcedível honra !


Manuel Monteiro da Silva

sábado, 8 de agosto de 2009

Nizartes 2009







Não obstante este blog estar mais vocacionado para noticias sobre a nossa terra,queremos também dar noticias do que acontece de mais importante na nossa região,que é o caso da Nizartes 2009, feira de Artesanato e gastronomia do Concelho de Niza, que se realizou de 31 de Julho a 4 de Agosto.
Depois da Feira de Artesanato do Gavião é a vez do vizinho Concelho de Niza,apresentar na sua feira o que de melhor se faz na região em termos de artesanato e gastronomia.
Como já tinha dito estes eventos são muito importantes para a nossa região já que atraem milhares de visitantes de todo o pais e não só.
Os espectáculos são também uma vertente importante, para atrair visitantes,e para dar oportunidade a grupos da região de apresentarem o seu trabalho.
segue-se a Feira de artesanato e gastronomia do Crato, lá para fins de Agosto depois daremos noticias.

As Cotovias no Parque











No passado domingo o Grupo Etnográfico de Danças e Cantares as Cotovias deram uma matiné de Marchas e cantares no Parque de Merendas da ribeira da Venda.
O pequeno espectáculo estava inserido numa homenagem particular a uma comendense que tem casa na Comenda mas não vive cá, que se reformou por doença e os seus colegas de trabalho pensaram fazer-lhe um almoço de homenagem, e ao mesmo tempo dar um toque de alegria, com o convite feito ao Grupo das Cotovias.
Assistiram ao espectáculo além do grupo da homenageada, muitas pessoas que quiseram vir assistir, já que a matiné era ao ar livre, ao lado da piscina das crianças.
foi entusiasmante ver de novo as nossas Cotovias com a sua alegria contagiante,e ainda com a sua jovialidade de reflexos nas diversas danças e marchas,não podemos esquecer que é tudo jovens já dos sessenta para cima, mas teém um espírito de alegria enorme.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

António Martinho 1923-2009

Meus amigos devido á falta de tempo do seu autor, e também á falta de material para publicar, o blog tem estado parado.
Voltamos hoje com algumas notícias do fim de semana passado, e começamos logo com uma notícia muito triste, a morte de um grande Comendense, que deu muito de si a esta terra, com a sua sabedoria, falamos de António Martinho.
O blog Castelo Cernado manifesta os seus pesamos á família do Sr. António e presta-lhe a sua homenagem publicando um texto da autoria do nosso amigo Manuel Monteiro Silva, pessoa com o qual o Sr. António Martinho tinha conversado várias vezes acerca de histórias antigas sobre a Comenda, o texto é o seguinte:



ARDEU UMA BIBLIOTECA NA COMENDA !!!

Ontem, dia 4 de Agosto de 2009, faleceu -com 86 anos de idade- o nosso conterrâneo e amigo António Martinho. Que foi, como provavelmente todos se lembrarão, o autor daquele bonito texto que reproduzimos neste blogue, aqui há umas semanas atrás, com o título «E a Ponte Não Caiu...». O Sr. António Martinho era uma pessoa muito educada e com um grau de cultura que se sobrepunha à da maioria das pessoas com quem conversávamos habitualmente. Cultura adquirida, adivinhamos nós, graças a uma vivência nos muitos lugares aonde o levaram os seus afazeres profissionais e também nos muitos livros que ele leu e/ou consultou. O Sr. Martinho, era um autodidacta com o qual sentíamos um grande e real prazer em dialogar. Estou-me a lembrar de uma conversa recente, durante a qual ele me explicou o sentido da palavra ‘saloio’, que nada tem de pejorativo, já que deriva de ‘salaun’ (ou algo parecido), que significa camponês em língua árabe. Recordo-me também das notícias que ele me deu, no decurso de outras interessantíssimas conversas, sobre a existência de uma comunidade (islâmica ?) que terá existido no Sourinho, ali perto do caminho que, da Comenda, conduz à estação da Cunheira. Enfim, nas conversas com ele aprendia-se sempre qualquer coisa. Daí o trauma que nos causa o seu desaparecimento. Que, visto o seu estado de saúde, todos esperavam incluindo o próprio, que era também uma pessoa lúcida. Diz-se na África subsariana (onde o legado oral sempre se sobrepôs, por óbvias razões, ao legado escrito), que «quando morre um velho é como se ardesse uma biblioteca». Ressentindo os mais novos o passamento de um ancião como uma perda irreparável. Pensamos que, aqui na Comenda, o falecimento deste nosso conterrâneo se assemelha a algo de muito parecido. Por isso lamentamos não mais poder contar com o saber acumulado, ao longo de oito décadas de vida, pelo nosso amigo Sr. António Martinho. Uma pessoa sábia, que agora nos deixou menos conhecedores e, por consequência, mais pobres. Esta evocação do blogue «Castelo Cernado» é uma forma singela de o homenagear e de lhe agradecer por ter vivido entre nós.


(M. M. S.)