terça-feira, 30 de junho de 2009

Poema SE FORES AO ALENTEJO

Aqui há dias, remexendo na vasta papelada que, por vício, vou conservando, deparei-me com a transcrição dactilografada deste belíssimo poema. O nome do seu autor era-me desconhecido, talvez por força de mais de 40 anos de ausência deste país que é o nosso. Pesquizei informação na Internet e fiquei (mais ou menos) elucidado sobre a pessoa de Eduardo Olímpio Espada; um poeta e prosador transtagano natural de Alvalade do Sado, simpática vila do concelho de Santiago do Cacém, onde nasceu a 24 de Janeiro de 1933. Eduardo Olímpio vive dos livros que vai escrevendo, que já são muitos : uma vintena, consagrados à poesia, à ficção, à literatura infantil, etc. Eduardo Olímpio tem também colaborado com a imprensa regional («Diário do Alentejo», «Imenso Sul», «A Planície») e com jornais da capital e não só. À falta (temporária) de temas genuinamente comendenses, permitam-me os leitores deste blog que lhes ofereça este momento de rara beleza que é, indubitavelmente, o poema «Se fores ao Alentejo...».



SE FORES AO ALENTEJO...

Se fores ao Alentejo
Não leves vinho nem pão :
Leva o coração aberto,
E ao lado do coração
Leva a rosa da justiça
E o teu filho pela mão.

Se fores ao Alentejo
Não leves vinho nem pão :
Leva o teu braço liberto
Para abraçar teu irmão;
Esse irmão que está tão perto
Do teu aperto de mão
E que tão longe amanhece
Nos campos da solidão.

Se fores ao Alentejo
Não leves vinho nem pão :
Leva a alegria de seres
Irmão de quem vai parir
Uma seara de trigo,
Uma charneca a florir,
Um rebanho e um abrigo
E um amanhã que há-de vir
Como se fosse outro amigo
Dentro do sol, a sorrir.

Se fores ao Alentejo
Não leves vinho nem pão :
Leva o coração aberto
E o teu filho pela mão.

(Eduardo Olímpio)





Manuel Monteiro Silva

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